A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou ao Ministério da Saúde e à Casa Civil da Presidência da República, na tarde desta quarta-feira (12), a suspensão definitiva da temporada de cruzeiros no Brasil, como ação necessária à proteção da saúde da população.
Três navios seguem fundeados no Porto de Santos, no litoral de São Paulo, após a confirmação de casos de Covid-19 a bordo e a suspensão da temporada, até então com previsão de retomada em 21 de janeiro.
Segundo a agência reguladora, o documento encaminhado ao Ministério da Saúde e à Casa Civil foi concluído nesta terça-feira (11), e contém a apresentação do cenário epidemiológico de Covid-19 nas embarcações de cruzeiro que operam a temporada 2021-2022, incluindo as intercorrências, por embarcação, desde o início de suas operações em território nacional.
A Anvisa explica que os protocolos que definiu para a operação dos navios de cruzeiro no Brasil trouxeram dispositivos que permitiram acompanhar o cenário epidemiológico nas embarcações durante quase dois meses, e foram fundamentais para se identificar rapidamente a alteração no número de casos a bordo na penúltima semana epidemiológica de 2021.
Desde a recomendação de suspensão temporária, a Anvisa vem avaliando a evolução do cenário epidemiológico do SARS-CoV-2 a bordo dos navios, e também no Brasil e no mundo. Assim, observou que o cenário tem se tornado ainda mais desafiador, tendo em vista, principalmente, o aumento acelerado do número de casos nas embarcações e no Brasil.
Portanto, a agência entende que o cenário atual é desfavorável à continuidade das operações dos navios de cruzeiro. Nesse sentido, com fundamento no princípio da precaução, e a partir de todos os dados disponíveis, recomendou a suspensão definitiva da temporada de cruzeiros marítimos no Brasil, como ação necessária à proteção da saúde da população.
Cenário epidemiológico
De acordo com o protocolo sanitário estabelecido pela Anvisa para embarque, desembarque e transporte de viajantes em embarcações de cruzeiro marítimo, o navio deve ter um programa de monitoramento constante da situação de saúde dos viajantes a bordo, incluindo a realização de testagem de passageiros e tripulantes durante a operação.
O protocolo permitiu a verificação de um aumento acelerado dos casos de Covid-19 a bordo das embarcações em operação na costa brasileira, provavelmente decorrente do surgimento da variante ômicron.
Segundo a Anvisa, os dados demonstram que, das cinco embarcações em operação no Brasil, três estão classificadas no nível 4, sinalizando alerta quanto à disseminação do vírus e eventual mudança de contexto epidemiológico.
De acordo com a agência, até o último dia 6, foi reportado um total de 1.177 casos positivos de Covid-19 entre tripulantes e passageiros. Os dados apontam a detecção de 31 casos de Covid-19 nos 55 dias iniciais da temporada (de 1º/11 a 25/12), com uma explosão acentuada a partir do dia 26 de dezembro, tendo sido registrados 1.146 casos em apenas 12 dias (de 26/12 a 06/01), o que representa um aumento de 37 vezes nesse período.
“De acordo com a Portaria GM/MS 2.928, de 2021, a autorização da operação de navios de cruzeiro poderá ser revista a qualquer momento, em função dos desdobramentos do contexto epidemiológico dos navios de cruzeiro ou de alterações do cenário epidemiológico nacional e internacional”, destaca a Anvisa.
FONTE: G1